sexta-feira, 31 de outubro de 2008
"Dama da noite" (1998:91) é a tematização da solidão: solidão do que se vê lançado às infinitas possibilidades da cidade grande, mas que acaba deparando-se com o seu desamparo: "Acordar no meio da tarde, de ressaca, olhar sua cara arrebentada no espelho. Sozinho em casa, sozinho na cidade, sozinho no mundo."(p.93) Todavia, ironicamente, é um texto que fala do amor, de um amor proibido, de um amor que se nega, porque um amor estreitamente ligado à morte: "Você não viu nada, você nem viu o amor. (...) Já nasceu de camisinha em punho, morrendo de medo de pegar Aids. Vírus que mata, neguinho, vírus do amor."(p.94) E sardônico: "Conta pra tia: você lê, meu bem? Nada, você não lê nada. Você vê pela tevê, eu sei. Mas na tevê também dá, o tempo todo: amor mata amor mata amor mata."(p.95) "Sabe porra: você nasceu dentro de um apartamento, vendo tevê. Não sabe nada, fora essas coisas de vídeo, performance, high-tech, punk, dark, computador, heavy-metal e o caralho (...). Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro." (p.94)
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Ninguém é capaz de compreender um dragão. Eles jamais revelam o que sentem.Caio Fernando Abreu
Os dragões não conhecem o paraiso!!
Um Dia
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa prá esquecer outra é bobagem...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum é o que mais nos atrai...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum é o que mais nos atrai...
(...) mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, sim, como você sabe, a gente, as pessoas, infelizmente têm, temos, essa coisa, emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não distanciar-se demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não-formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem, e sobretudo emoções. Que nem sempre se mostra (...) Caio Fernando Abreu, in. Morangos Mofados
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